No manto de mistérios onde o tempo se enreda,

Nanã, a anciã, em sua serenidade se revela.

Entre as águas primordiais, como Ninhursag,

Guardiã da vida, em seu regaço há um luar.

Oxum, dançarina nas margens do rio dourado,

Inanna, rainha dos céus, em teu reino coroado.

Cores e águas, fluidos e amores entrelaçados,

Na simbiose eterna, destinos entoam versados.

Oyá, borboleta que atiça os céus da mente,

Ereshkigal, senhora das sombras, que em nós se move.

O Abutre, o Chacal, a Leoa, fiéis mensageiros,

Transmissores de mistérios, guardiões verdadeiros.

Cabra, no alto das montanhas, vislumbra o além,

Enquanto a Leoa caça o alimento que nos mantém,

Chacal, nas sombras, decifra o que se retém.

Abutre, nas alturas, vê além do que é visível,

Animais de poder, sábios e invisíveis.

A cor preta, véu da noite, do mistério o manto,

Em Nanã, Oxum, Oyá, ecoa seu encanto.

No tridente entrelaçado, o poder se manifesta,

E na escuridão da cor preta, a força do vermelho que contesta.

O Tridente, símbolo tríplice, triunvirato divino,

Três pontas, três deusas, em um ritual peregrino.

Em Nanã, a vida brota, como semente na terra,

Oxum, na água que flui, amor que se encerra.

Oyá, sopro do vento, a força do búfalo e a sutileza da borboleta.

As 3 Marias, que trazem calmaria e o tormento!

Eu, no centro desta dança cósmica, me vejo,

Refletindo as divindades, como um espelho.

Nanã, Oxum, Oyá, Ninhursag, Inanna, Ereshkigal,

No meu ser entrelaçam seus fios, neste eterno ritual.